Judaísmo rastafári
Israelense Mosh Ben Ari faz show inédito hoje no Santa Isabel, com toques de reggae em hebraico
Carolina Santos
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Publicação: 25/04/2013 03:00
A música israelense só chega ao grande público brasileiro alavancada por ondas de fenômenos mundiais, como foi o caso há alguns anos do então barbudo (agora não mais) Matisyahu. Com quatro discos lançados, um discurso de paz e cantando basicamente em hebraico, Mosh Ben Ari é um dos expoentes da música contemporânea de Israel. Hoje, ele sobe ao palco do Teatro de Santa Isabel, em show inédito no Recife, trazido pela pequena e unida comunidade judaica pernambucana. Este será o evento central de comemoração aos 65 anos de independência de Israel, 55 anos do Habonim Dror no Recife e 95 anos do Colégio Israelita.
Judeu serfadita, de ascendência do Oriente Médio, filho de uma iemenita e um iraquiano, Mosh Ben Ari nasceu em Israel. Estudou música em vários países, como a Índia. A criação multicultural se faz presente na música dele de diversas formas, como nos intrumentos que toca: o sarode indiano, instrumento de cordas de som grave, e o tar persa, outro instrumento de cordas, muito usado em musicoterapia.
Além do show no Recife, Ben Ari se apresentou nesta turnê brasileira no Rio de Janeiro e em São Paulo. Daqui, segue para Curitiba. “Em todos os lugares que vou, gosto de conhecer a cultura e a religiosidade do local”, disse, em entrevista por telefone. No Recife, ele visitou ontem a sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira construída nas Américas.
A música que Mosh Ben Ari faz se enquadra bem no que se chama de world music: é facilmente reconhecida como pop pela estrutura geral, mas carrega detalhes étnicos. No caso de Ben Ari, ainda tem um tempero a mais de reggae. “Faço uma música bem diversa. Não é reggae puro, mas há uma conexão”, diz.
A relação do reggae com o judaísmo é antiga e remete aos primórdios da religião rastafári. Criada nos anos 1930, sob a crença de que os ex-escravos negros retornariam à África, os rastafáris tradicionais acreditam que o retorno acontecerá pelas mãos do antigo rei da Etiópia Haile Selassie, falecido em 1975. Bob Marley, símbolo máximo do reggae jamaicano, fez referências a palavras hebraicas em músicas como Exodus e Iron lion Zion – o pai dele, com o qual teve pouco convívio, era de ascendência judia.
Fonte: Diário de Pernambuco